Os mangás aqui de casa

Olá!

Mencionei num post anterior (Aishiteruze Baby) que comprei alguns mangás. Daí fiquei com vontade de mostrar o que tem aqui em casa.

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Ainda a grande maioria dos títulos é do meu marido, shounens em sua maioria: Yu yu Hakusho, One Piece, Dragon Ball (o primeiro), Lobo Solitário, Vagabond, Shaman King, etc.

Tenho menos até porque eu jogo fora as coleções das quais eu desisto. Assim, já joguei fora o Estrelas que caem (bonitinho no começo mas depois achei que ficou um pouco insonso), Chonchu (mangá koreano cuja narratíva é confusa nos primeiros volumes, depois melhora) e provavelmente outros.

Tenho alguns poucos volumes de Vampire Princess Miyu, cuja arte sempre admirei.

Completos tenho Nausicaa e Totoro (mangás com imagens dos filmes), Ranma 1/2 em japonês (da época em que era impossível achar mangá no Brasil), Fruits Basket, Aishiteruze Baby.

Screen Shot 2013-07-26 at 9.09.08 AM

Tem uma segunda fileira atrás desta com minha coleção de Ranma e Ghibli

Compro diligentemente: Kimi ni Todoke, Maid-Sama, O Mito de Arata.

Já mencionei que Kimi ni Todoke é um obrigatório para os que gostam de shoujo e continuo pensando o mesmo. Vendo os dois anos do anime, mais alguns especiais, recomendo a animação e o mangá. Seguem links para os videos de abertura, que são apaixonantes e delicados.

Do primeiro ano: http://www.youtube.com/watch?v=8AzEFia1UEY

Original / Romaji Lyrics
English Translation

Tradução tosca para o português
Yasashii hidamari ni chaimu ga direi suru
Hoho wo naderu kaze ibuki wa fukakunatteku

In that gentle spot warmed by the sun, the chime is delayed
The wind brushing my cheeks turns into my deep breath

No delicado lugar aquecido pelo sol, o som (sinal da escola?) atrasa. O vento que toca meu rosto torna-se inspiração
Toomawari no namida namae tsuketa ashita
Kasanaru miraiiro no rain

Roundabout tears, the tomorrow we named
Are all overlapping future-colored lines

Lágrimas que rolam, o amanhã que nomeamos, se sobrepõem em linhas de um futuro de cores

Adokenai konna kimochi mo
Hajiketobu hodo waraiaeta hi mo
Taisetsu ni sodateteikeru youni
Togiretogire no toki wo koete
Takusan no hajimete wo kureta
Tsugatteyuke todoke

These childish feelings
The days we laughed together happily
I hope we come to treasure them
You surpassed this disconnected time
And gave me lots of firsts
I’ll connect them to you, I’ll reach you

Estes sentimentos juvenis, os dias em que alegremente rimos juntos; espero que consigamos apreciá-los

Você ultrapassou este tempo desconexo e me deu diversas “primeiras vezes”. Vou liga-las a você, vou alcançar você (no sentido de que a pessoa terá conhecimento e se deixará todar pelos sentimentos que carrega, assim como o sentido físico do tocar)

Houkago no yuuyami warau kimi no senaka
Hisokana sasayaki fureta koto no nai omoi no naka

The after school sunset, your back, as you’re laughing
Secret whispers, inside these untouched feelings

O pôr-do-sol após as aulas, suas costas enquanto ri, segredos sussurrados, inclusos nestes sentimentos intocados
Boku no naka no kimi to kimi no naka no boku de
Karamaru miraiiro no rain

The you inside of me, and the me inside of you
Are all interweaving future-colored lines

O você que existe em mim, e o eu que existe em você estão ambos intercambiando linhas de um futuro de cores
Ameagari no machi no nioi to
Yumemitaina himitsu wo mune ni daite
Nandomo nakisou ni natte mata warau
Kangaeru yori zutto hayaku
Sono mune ni tobikometara ii
Tsunagatteyuke todoke

The smell of the town after the rain
And the dream-like secret I hold in my heart
So many times I’ve felt like crying, but then laughed instead
Rather than thinking about it, hurry up
It’s fine if you just fly into my heart
To connect to you, to reach you

O cheiro da cidade após a chuva e o segredo que parece um sonho em meu coração.

Por muitas vezes tive vontade de chorar, contudo ri. Ao invés de pensar a respeito, apresse-se.

Está ótimo que você voe para o meu coração para que eu me ligue a você, para que eu o alcançe

Nani yori mo daijina kimi no mae de
Kizutsukanai youni daiji ni shiteta no wa sou jibun
Sono hitogoto ga moshimo sayonara no kawari ni natteshimattemo
Ari no mama subete

In front of you, cherished more than anyone
is someone who cherishes you so that you won’t get hurt, that’s right, it’s me
Even if your words somehow become “goodbye” instead
Everything will be as it is

Na sua frente, querido antes de quaisquer outros, encontra-se alguém que lhe quer bem (que o aprecia) para que você não se machuque. Isso mesmo, sou eu

Mesmo que suas palavras se tornem um “adeus”, isso será sempre assim.

Adokenai konna kimochi mo
Hajiketobu hodo waraiaeta hi mo
Taisetsu ni sodateteikeru youni
Honno sukoshi otona ni natteku
Kimi ni naritai boku wo koete
Tsunagatteyuke
Ima sugu kimi ni
Todoke

These childish feelings
The days we laughed together happily
I hope we come to treasure them
I’ll  become just a little grown up
Surpassing the me that wants to be just like you
To connect to you
Right now
to reach you

Estes sentimentos juvenis, os dias em que alegremente rimos juntos; espero que consigamos apreciá-los

Tornar-me-ei um pouco mais crescido, sobrepujando o eu que quer ser como você, ligando-me a você, agora, para alcançá-lo

Do segundo ano (Sawakaze): http://www.youtube.com/watch?v=xYoxoz_fFZ0

Original / Romaji Lyrics
English Translation

Tradução tosca para o português
Masshiro peeji mekuru
Tobidasu irodoru hajikeru
Mangekyou no fuukei

Turning the snow-white page
Scenery jumps out and bursts into color
Like a kaleidoscope

Virando a página, branca como a neve, cenários pulam e explodem em cores como um caleidoscópio
Kidzukeba sutoorii wa mada
Gikochinaku hajimatta bakari
Shinkokyuu wo mou ikkai

But now I realize the story still
Had a clumsy beginning
So I take another deep breath

Agora percebo que a estória teve um desastrado começo, então respiro fundo novamente

Tabisuru kaze
Tsutsumikomu you ni senaka osu

The traveling wind
Wraps itself around me and pushes me forward

O vento (kaze é vento em japonês e é o apelido do personagem principal: Kazehaya) ventando em meu entorno leva-me adiante
Aa yawarakakute atatakai kimi no te
Nigirishimete sono kokoro no oku made todoku you ni
Hohoende kureta nara
Nigiri kaeshite kuretara
Boku wa tada mae wo miteru

Ah, I grasp hold of your gentle, warm hand
So as to reach deep inside your heart
If you were to smile at me
And squeeze my hand back
I would be able to look only ahead

Ah, eu aperto sua mão quente e gentil como que para alcançar as partes mais profundas do seu coração

Se você sorrisse para mim e apertasse minha mão de volta, eu seria capaz de olhar apenas adiante
Totsuzen kidzuite shimau
Kakushitai kanjou no uzumaki
Hazukashii kurai ni

Suddenly I became aware
Of this whirlpool of emotions
And was so embarrassed I wanted to hide them

Repentinamente me dei conta deste redemoinho de emoções e fiquei tão encabulada que quis escondê-las

Tabisuru kaze
Machikirenai tte hashiridasu

The traveling wind
Moves forward, saying it cannot wait for me

O vento ventando move-se adiante, dizendo que não pode esperar por mim
Aa soumatou mitai yomigaeru kioku wa
Tomedonakute adokenakute yake ni kagayaite mietan da
Okubyousa mo yowasa mo sawayaka na kaze ni naru
Boku wa tada mae wo

Ah, like a revolving lantern, my memories
Endless yet innocent, sparkle desperately before me
Even my cowardice and weakness will become a refreshing breeze
So I will be able to

Ah, como uma lanterna balançante, minhas memórias, intermináveis ainda que inocentes, piscam desesperadamente na minha frente

Até mesmo minha covardia e fraquezas tornam-se uma briza refrescante, então serei capaz de …

Dare yori mo yawarakakute atatakai kimi no te
Nigirishimete sono kokoro no oku made todoku you ni
Hohoende kureta nara
Nigiri kaeshite kuretara
Boku wa kimi no te wo hiite yuku

I grasp hold of your hand, warmer and more gentle than anyone else’s
So as to reach deep inside your heart
If you were to smile at me
And squeeze my hand back
Then I could pull your hand forward with me

Segurar a sua mão quente e mais gentil que qualquer outra, como que para alcançar as partes mais profundas do seu coração

Se você sorrisse para mim e apertasse minha mão de volta, eu seria capaz de trazer sua mão comigo adiante

Infelizmente não sei de onde tirei as letras em inglês ou japonês. Passei precariamente para o português a partir do inglês, sem muita pretensão, então certamente muito se perdeu dos pulos de uma língua para outra e pelos meus próprios erros. Então, se quiserem fazer correções, é só deixar uma mensagem com suas sugestões.

Ambas as músicas foram compostas pelo artista Tanizawa Tomofumi, especialmente para o anime. Acabei procurando mais algumas músicas do compositor pela internet que também gostei, mas as preferidas ainda foram as aberturas do Kimini Todoke. Inclusive, adoro ouvir a abertura do segundo ano nos dias de desânimo; coloco ela bem alto, danço e balanço a cabeça como uma doida. Obrigada Tanizawa Tomofumi e Shiina Karuho!

Maid-Sama é divertido e mais viajante. Adiantei-me e acompanho o mangá também pela internet, porém achei que a estória fica meio sem graça quando decidem focar no Usui. Por isso o volume 13 foi o último volume que comprarei desta coleção.

O Mito de Arata é da mesma autora de Fushigi Yuugi e Absolute Boyfriend. Me dá a impressão que esse mangá (Arata) tem uma tendência mais shounen que os outros, que são claramente shoujos. Mas está interessante. O maior problema é que a autora abusa na invenção de palavras e o excesso de informação torna o mangá menos agradável de se ler. As características positivas da autora se mantém, com uma estória bastante criativa e imaginativa, cheia de elementos fantásticos e com personagens carismáticos.

Ah, e comecei a comprar o Gate 7 da Clamp. Promete!

Beijos a todos!

Aishiteruze Baby

Na última terça feira fui passear na Comix com a graninha extra do final de ano e finalmente adquiri duas coleções de mangás que eu li na internet, gostei e queria financiar as pessoas que trouxeram o mangá para o Brasil (ei, precisa de dinheiro para traduzir, imprimir, distribuir os mangás, certo?): Fruits Basket e Aishiteruze Baby.

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Primeiro sobre a Comix: é uma loja de quadrinhos que tem muitos títulos. No primeiro andar são os títulos mais recentes, mas o que eu amo mesmo é o segundo andar onde existe um enorme acervo de títulos que não são mais editados. Foi assim que comprei as duas coleções de mangá, pacotão fechado e completinho.

Já falei do Fruits Basket quando mencionei os onigiris (ver o post Fruits Basket e onigiri), então hoje é dia de falar do Aishiteruze Baby, que também tem umas cenas dos personagens fazendo bolinhos de arroz!

Saindo um pouco do estereótipo dos shoujos, o personagem principal é um rapaz chamado Kippei, adolescente simpático, cuca-fresca, sucesso entre as menina, sem querer nada de sério com a vida. A folga dele acaba quando sua priminha de 5 anos, Yuzuyu, passa a morar com sua família e ele fica responsável por ela. Hora de mudar a rotina e dizer adeus às tardes despreocupadas com as garotas da escola. É assim que Kippei fará seu primeiro onigiri:

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Eu adoro a família toda do Kippei, especialmente sua irmã mais velha mandona que manda em todo mundo da casa (inclusive os pais!), as colegas de classe do Kippei, os amiguinhos da creche da Yuzuyu. É um festivel de personagens carismáticos que você vai querer acompanhar durante os sete volumes (33 capítulos) do mangá. A arte é bonita, leve; a estória é igualmente light, um ótimo passatempo que vai deixar você feliz e é isso aí.

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Yuzuyu durante um de seus passatempos favoritos: desenhar.

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Outra cena fofíssima da Yuzuyu, feliz de terem elogiado o Kippei.

Esta é a recomendação do mês. Tem em português, foi publicado pela Panini e a tradução está muito gostosa de acompanhar.

Abraços!

Fruits Basket e Onigiri

Bom dia!

Depois de assistir e ler Fruits Basket, fiquei com muita vontade de conhecer os tais onigiris de umeboshi.

Honda e Kyo fazendo onigiris

Em julho, no Festival do Japão em SP, achei uma marmitinha com dois onigiris, um de salmão e um de umeboshi, que logo comprei como almoço. O onigiri de salmão era uma delícia, mas eu não gostei muito do de umeboshi, mesmo com toda estória bonitinha do Fruits Basket por trás  ><

A saga do onigiri continuou. Conheci umas amigas que faziam onigiri para viagem, minha irmã comprou um livro de receitas de onigiri e ontem, finalmente, tentamos fazer nossos próprio onigiris. Foi um sucesso! Quero dizer… para uma primeira vez  😛

A aperência ficou um pouco desajeitada, mas posso garantir que ficaram gostosos!

Algumas explicações:

Fruits Basket é um shoujo mangá muito fofo e um dos melhores que já li. Tem um anime que vai até a metade da estória, mas aconselho o mangá, vale a pena! Trata-se da estória de uma menina que passa a conviver com pessoas muito incomuns, pessoas possuídas por signos do zodíaco chinês.

SPOILER: O nome do shoujo vem de um jogo de pega-pega em que cada criança recebe o nome de uma fruta e, quando chamado o nome dessa fruta, ela é a pegadora. Quando brincou disso na escola, a personagem principal (Honda Tohru) recebeu o nome de onigiri (bolinho de arroz). Ficou esperando sua vez e nunca foi chamada para brincar. Tudo isso quando era muito nova. Mais adiante no anime, novamente o onigiri é utilizado como metáfora. Tentando compreender as pessoas à sua volta, ela chega à conclusão que as pessoas são como um onigiri de umeboshi (ameixa em conserva), a pessoa sempre consegue ver os pontos positivos da outra, mas não de si mesmo, porque o umeboshi (o que daria sabor ao onigiri) fica nas costas do onigiri. No anime ou no mangá, as metáforas são muito bonitinhas.

Onigiri é um bolinho de arroz usado para marmita. Pode ser recheado de várias coisas, como salmão, atum, umeboshi ou que você quiser inventar. Geralmente com uma alga nori em volta, para ficar mais fácil de segurar o onigiri.

 

Aguarde pelo próximo post: fazendo onigiris!!

Primeiro roteiro (spoilers do Capítulo 1)

Olá!

Faz algum tempo que não atualizo o blog, mas tem um bom motivo: estou passando o começo do mangá para nanquim e o processo demoooora. Diferente do desenho do Mizutani, uma folha do mangá compreende várias imagens, as bordas que precisam de espessura específica, trechos escritos (que ainda não sei bem como fazer).

Quando acabar a estória de introdução (4 páginas), coloco todas no blog. Enquanto isso, escreverei um pouco sobre o procedimento de criar essa estória, com base no que vi em alguns livros que ensinam a fazer mangá…

No meu caso eu tive a vontade de fazer uma estória Shoujo com sereias (TEMA da minha estória). Pensei na cena dela deixando cartas no mar e que um rapaz-tritão leria as cartas e desejaria encontrar quem as escreveu. Isto os autores chamam de IDEIA, em geral os profissionais sugerem que se comece com uma estória curta, de 30 a 40 páginas (um capítulo de mangá), para ter certeza de que você será capaz de concluir seu projeto. Mas como eu gosto demais de Shoujo e de sereias, resolvi fazer uma estória longa mesmo. Eu não gosto muito de estórias curtas ou mesmo de contos, porque a minha impressão é de que não se tem tempo o suficiente para se envolver com os personagens (algo que acho importantíssimo em Shoujo Mangá!).

Para escrever o roteiro de um primeiro capítulo de uma estória longa e o roteiro de uma estória curta, algumas coisas vão divergir. Ambos precisam ter começo, meio e fim, mas obviamente o fim de um capítulo visa apenas atiçar a curiosidade do leitor. Resolvi ver meus shoujos favoritos para entender o que eles apresentam no primeiro capítulo. Em geral ocorre a apresentação do casal principal, a ambientação e a principal dificuldade para que não fiquem juntos. Não muito mais que isso. Vamos a alguns exemplos:

1) Kimi ni Todoke:  casal – Sawako e Kazehaya, ambientação – escola colegial, dificuldade – timidez e inexperiência da Sawako;

2) Lovely Complex: casal – Koizumi e Otani, ambientação – escola colegial, dificuldade – diferença de alturas;

3) Meru Puri: casal – Aili e Alan, ambientação – fantástica/mágica/escola, dificuldade – espectativas da Aili para o casamento e transformações do Alan;

4) Fruits Basket: casal – Honda e Rato/Gato, ambientação – fantástica/escola, dificuldade – quando abraçados, os Sohma tornam-se bichos do zodiaco;

5) Kurage Hime: casal – Tsukimi e Kuranosuke, ambientação – pousada, dificuldade – diferença de mundos (ela é NEET/Nerd, ele é fashion crossdresser).

Tá bom, né?Acho que deu para pegar a ideia.

No caso do “Oceano” (“Aquilo que o oceano traz” é um nome meio longo, né? Então fica abreviado assim), os personagens principais são a Ellie (ainda não sei se o nome se manterá) e o Mizutani, a ambientação é mitológica/fantástica/escola e as dificuldade é a impossibilidade do Mizutani em expressar claramente o que sente e o desinteresse de Ellie na vida adolescente.

O próximo passo foi pensar em como apresentar essas coisas e acho que esta é a tarefa mais difícil. É necessário criar situações interessantes o suficiente para que a pessoa continue lendo, ao mesmo tempo limitando a quantidade de informações para que o leitor acompanhe a evolução personagens. A minha primeira versão desse capítulo foi feita com a apresentação de todo o grupo de pessoas-peixe, mais a personagem principal, melhor amiga, representante de classe e primos… Impossível! É tentador colocar todos os personagens de uma vez, mas a estória fica confusa e a leitura fica desagradável.

A mesma pesquisa que fiz para o primeiro capítulo, eu fiz para ver quantos personagens são apresentados no início do mangá. Em muitos Shoujo, só se apresenta o casal principal (Kimi ni Todoke); em outros aparece um número maior de personagens, mas sem dar muita atenção a eles (Kurage Hime, Maid-sama, Skip Beat); em outros aparecem alguns personagens importantes, mas apenas o suficiente para que apareçam os conflitos principais (Fruits Basket, Meru Puri). Resumindo, o que me parece ser a regra é: o mínimo possível, para que consiga mostrar o conflito principal e interessar o leitor nos dois/três personagens envolvidos.

Apaguei tudo e recomecei. Limitei a quantidade de personagens para 4: Ellie, Mizutani, melhor amiga dela e puxa-saco dele. A partir disso, tentei elaborar situações para mostrar o que era necessário. Essas situações são chamadas de EPISÓDIOS pelos escritores de Mangá. Um capítulo terá vários episódios. No caso de “Oceano”, pensei em fazer o primeiro dia de aula, em que os personagens se encontram pela primeira vez com uma série de coincidências que mostram como será a interação entre eles.

Como decidi fazer um Shoujo tradicional, com uso de nomes japoneses, características da cultura japonesa na interação entre os personagens, a escola também seguiria o calendário das escolas japonesas. Como eu não conhecia nada disso, lá fui eu para a internet saber como é o primeiro dia de aula de uma colegial japonesa. Tudo ficou mais fácil, afinal o primeiro dia tem muitas coisas que acontecem (organização das turmas, escolha dos assentos, cerimônia de abertura, etc). Nem utilizei tudo, é impossível, e eu queria ficar entre 30 e 40 páginas (recomendação dos livros que vi, contudo, muitos Mangá Shoujo chegam a 60 páginas).

(SPOILER, se tem qualquer intenção de ler o mangá, pare aqui e leia apenas depois de ver todo o primeiro capítulo!) Fiz uma introdução de 4 páginas para apresentar a personagem (mostrando a relação dela com o oceano) e a ambientação (existem sereias). Começa então o primeiro capítulo. A ESTÓRIA do capítulo é o primeiro dia de aula e a primeira impressão que Ellie tem do Mizutani. Os EPISÓDIOS são: primeiro encontro dos 4 personagens e breve apresentação dos mesmos, Ellie precisa passar na coordenação e ocorre conflito entre ela e Mizutani, volta à sala de aula e descobre que senta ao lado dele(s), volta para casa e mostra seu dia-a-dia inusual, visita vizinhos, aparece que Mizutani lê as cartas de Ellie.

Esse é o resumo de como fiz o roteiro escrito do primeiro capítulo. O processo todo foi bem mais difícil que isso, com idas e vindas, muito rabisco e borracha, com entraves diversos e escolhas difíceis (às vezes, por mais que se goste de uma cena, ela simplesmente não se encaixa com o que é necessário no momento). Além disso, é muito difícil lidar com a ansiedade, com a vontade louca de apresentar todos os personagens de uma só vez, de já mostrar toda a estória em único instante. Vi e revi o roteiro escrito e gráfico algumas vezes para ver se o “ritmo” da estória estava satisfatório e, mesmo assim, tenho certeza de que pode desagradar a alguns. Bom, o espaço está aberto para críticas e sugestões. Abraços!